quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

"A pintura para mim não é um passatempo, é uma exigência."

As aulas de pintura que tive na adolescência eram momentos mágicos. Costumava chegava ao atelier a meio da tarde e por lá ficava até escurecer. Por vezes íamos para a beira do Tejo desenhar com pequenos pauzinhos de carvão. Quando a mão fugia, apagávamos com miolo de pão!
Lembro-me que a minha professora não gostava particularmente da palavra inspiração. "A pintura para mim não é um passatempo, é uma exigência.", dizia sempre. A mão e os olhos precisam de ser educados.
O porte elegante, porém austero e despojado, da Maria Lucília Moita sentada em frente ao cavalete e o cheiro dos óleos inebriavam-me. As cores que usava não eram vibrantes, mas eram verdadeiras, cruas. A natureza que mais gostava de pintar não era feita de flores e passarinhos, era feita de velhos troncos de oliveira e de pedras gastas pelo tempo.  O atelier onde generosamente me ensinou a pintar (e a olhar) não fazia parte deste mundo e o que lá aprendi foi tanto.

"Casas Brancas de Carreiras" (1972) - Maria Lucília Moita
Auto-retrato - Maria Lucília Moita

Maria Lucília Moita - 1994  


 

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